INDICAÇÃO TEMÁTICA: É condição se ser, não de estar. Não se confunde com prazer nem alegria, que são fugazes e passageiros. Pleno bem estar consigo mesmo. |
Este espaço foi criado para você dizer o que pensa sobre o assunto que escolheu, mas lembre-se que outros têm todo direito de pensar de modo diferente de você. Poste sua opinião de modo coerente com a indicação temática.
Felicidade é um dos piores conceitos inventados pela experiência humana. Ele é ruim porque cria conexões entre presente, passado e futuro e nunca permite que as pessoas vivam o presente, que é o que realmente importa. Por exemplo, é comum que homens e mulheres pensem algo do tipo: assim que eu conseguir isso ou aquilo, me formar, encontrar o amor, etc. eu serei feliz. Logo, essa pessoa assume que agora, por não ter ou não ser isso ou aquilo não é feliz. Da mesma forma, quando alguém rememora um passado feliz tende a ficar preso naquele espaço tempo sem que consiga viver as sensações e emoções que estão disponíveis para ela no presente, na vida cotidiana.
Os consultórios de psicanalistas estão cheios de pessoas buscando a felicidade e ficam todo o tempo tentando buscar no passado as origens das suas tristezas e/ou pensar no que estão fazendo agora para ter felicidade no futuro.
Mas o que aconteceria se abandonássemos esse conceito? Deixássemos de pensar a vida a partir dele?! Eu tendo a acreditar que veríamos o mundo a partir de outra perspectiva, principalmente desconectada da expectativa de realização de desejos materiais e também de dependências relacionadas à outras pessoas ou grupos sociais. É verdade! Por vezes passamos a vida buscando a aceitação de pessoas ou grupos sociais e não paramos em nenhum momento para pensarmos em quem nós somos para nós mesmos. Se não sabemos quem somos para nós mesmos, como saberemos o que seremos para os outros?
Toda essa dependência relacionada a coisas materiais, afetivas, simbólicas tende a nos prender em aspectos ordinários da vida e a nos impedir de realizar um encontro mais profundo com nós mesmos.
Isso não significa dizer que não precisamos das pessoas e de algum nível de conforto material. Não é nada disso. É claro que precisamos, mas a conexão exagerada com um ou outro conjunto de coisas nos impede de viver a plenitude da vida e por vezes isso acontece porque estamos o tempo todo a buscar a tal felicidade.
Outro ponto curioso é que se pedirmos para alguém definir o que é felicidade, dificilmente teremos uma resposta objetiva. Quase sempre essa indagação vem associada à posse de objetos, reconhecimento social, “posse” de pessoas ou qualquer coisa assim. Em síntese, ninguém conceitua felicidade ao mesmo tempo em que todos vivem à procura dela.
Penso que tudo isso acaba sendo muito triste, o que ao que me parece é um tremendo paradoxo. Considerando o que esse site aqui propõe, eu penso que essa busca pelo Ser Total só dará certo se abandonarmos esse desejo e essa busca por felicidade. Sei lá! Posso estar equivocado, mas fiquei pensando nisso.
A herança cultural que nos modela, nos induz a considerar felicidade como sinónimo de alegria e prazer, seja este decorrente de uma realização pessoal momentânea, seja pela expectativa de algo que, imaginamos, está próximo de acontecer.
Como é fácil de perceber, trata-se de momentos que, não raras vezes, dão lugar a tristezas e amarguras, ou pela não realização do que sonhamos, ou pelo término do que nos proporcionou alegria.
Fato é que a linguagem humana não dispõe de recursos para definir felicidade numa palavra, tornando necessário conceituá-la através de explicação mais ampla.
Em nosso vernáculo, dispomos dos verbos “ser” e “estar”, que nos ajudam bastante nessa tarefa, permitindo atribuir à alegria e prazer o entendimento de “estar”, porque conota o termo como momentâneo e passageiro; enquanto o verbo “ser” aplica-se melhor ao que aqui pretendemos tratar como “felicidade”. Ou seja, algo permanente e duradouro, capaz de se manter mesmo diante de tristezas e frustrações.
É uma condição de bem estar consigo mesmo, proporcionada pela paz e equilíbrio interior de que desfruta aquele que estabelecer um relação interativa e simbiótica entre sua mente pensante e seu componente de Natureza Divina.